ATIVIDADE FÍSICA PARA ADOLESCENTES OU JUNTO COM ADOLESCENTES?

Grandes são as contribuições da atividade física para o ser humano. Para os adolescentes os estudiosos apontam diversos benefícios associados à prática de atividade física orientada: aumento da massa magra; diminuição da gordura corporal; melhora dos níveis de eficiência cardiorrespiratória; melhora da capacidade funcional; ajuda no autoconhecimento corporal; melhora da autoestima; entre outros.  

Apesar das informações serem vinculadas na mídia, escolas, centros de saúde, ambiente de trabalho, entre outros, poucos são os que transformam estas informações em conhecimento, ou seja, começam a praticar. Na adolescência uma das grandes preocupações é o aumento do sedentarismo por um conjunto de fatores: tempo demasiado navegando na internet, jogos eletrônicos, má alimentação, influência negativa da mídia e a violência nos grandes centros urbanos causando o enclausuramento das crianças e adolescentes; são problemas que propiciam o aparecimento da obesidade e traz consequências graves para a população adolescente.

A sociedade precisa atentar mais para esses males e exigir do poder público medidas mais eficientes. A escola como segundo lar do aluno deveria ser pioneira nessa luta e oferecer projetos e programas mais competentes e efetivos. Fato que já encontramos trabalhos envolvendo atividade física para adolescentes nas escolas mas, muitas vezes, não há um planejamento. O papel da escola e, especificamente, o da disciplina educação física é construir, junto com o aluno, um estilo de vida saudável e não apenas oferecer atividades físicas. É de suma importância a reflexão sobre temas da cultura corporal, a visão crítica sobre o corpo como instrumento mercadológico e a relação corpo/saúde/beleza que a mídia vincula.

Para direcionar um programa de atividades físicas voltado para os adolescentes, além de atentar para as questões já colocadas e atender aos protocolos de avaliação da saúde, os responsáveis devem planejar atividades que estimulem o prazer individual e em grupo, aumentando assim, as chances dessas atividades serem incorporadas como hábitos de vida saudável. Cada adolescente tem suas experiências e peculiaridades que são refletidas em seu corpo e atuação no mundo, então, oferecer uma só atividade não irá motivar todos. É preciso diversificar a oferta das atividades, para isso, o professor ou equipe pode criar grupos menores e distribuí-los nas propostas.

Outros cuidados ao planejar atividades físicas para essa faixa etária são:

·         Adequação do exercício à faixa etária;

·         Princípio da inclusão (oferecer diversas atividades para que todos, sem exceção, sintam-se convidados a participar);

·         Elaborar atividades possíveis de serem realizadas (atividades muito complexas causam desmotivação no adolescente, chegando à desistência);

·         Priorizar mais atividades em grupo (favorece a socialização e cooperação) e de cunho lúdico/recreativo;

·         Dar mais ênfase no volume do que na intensidade dos exercícios;

·         Em relação ao tipo de atividade, incluir aquelas que empreguem grandes grupos musculares e que os participantes possam manter de forma continuada: caminhadas, corridas, ciclismo, natação, atividades lúdicas e recreativas, etc.

O que é primordial além de todos esses cuidados e preocupações é o desejo de mudança, e essa mudança de atitude tem de ser coletiva, não somente os adolescentes devem deseja-la, mas professores, pais e todos de sua convivência. Não surtiria efeito falar de benefícios da atividade física se aqueles que a propagam não praticassem. É o que Paulo Freire (1996) chama de “discurso do corpo”: “É preciso haver uma indispensável coerência entre o que se diz e o que se faz – o meu discurso não pode diferenciar-se do meu gesto. Meu discurso tem que ser coerente com o meu corpo. A maneira como o meu corpo se move no mundo tem que ser coerente com o discurso que fala do movimento do mundo.” E isso é Saúde e isso é Educação...


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